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Estante #1
Escolhi este livro para inaugurar a Estante porque, além de ter sido uma leitura imensamente prazerosa, ele tem tanto de Belo como de psicanalítico. É-me difícil distinguir de que gostei mais: se dos episódios e pedaços de História da música, do cinema, da literatura e de tudo o o resto que faz a vida ser vivida; se dos comentários e pensamentos do autor, Martim Sousa Tavares, que consegue concatenar, no mesmo parágrafo, Proust e a palavra "pataleta."

A quantidade de name dropping presente neste livro é suficiente para alimentar uma cáfila de haters das redes sociais pelas gerações vindouras. Mas só um lobo muito esfaimado (e burro) vê neste livro um exercício de sobranceria.

A naturalidade com que Martim escreve só pode vir de um lugar de amor: ao belo, à arte, e à vontade de partilhar connosco o que (também) o torna naquilo que ele é, ou no que ele quer que vejamos dele.

O seu objetivo, expresso neste livro, é o de ser um mediador entre os "objectos" de beleza e o público que o lê. Nós. E isso é algo que lhe agradeço, porque, no final da leitura, ficou-me uma sensação de quem conduz para casa, após horas de conversa com um amigo. A linguagem e o tom são tão suaves que tornam alguns dos capítulos mais densos, ou menos do meu interesse, em qualquer coisa que, mesmo assim, me acrescenta.

A fazer fé numa das suas frases - "(...) na arte não se ensina aquilo que se sabe, mas aquilo que se é", imagino que o Martim seja um porreiro como poucos.

Será que alguma vez visitou um divã...?

Na minha escala de leitora amadora, dou um 10/10.




Texto de autoria: Sílvia Baptista

Data: 2024-05-29






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